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Herman José

Herman José

Apresentação Herman 2010 - JN

Joana, 09.04.10

Humorista volta à RTP1 com um "late night show" e diz estar como não se sentia há 10 anos.

 

"Orgulho e alegria do emigrante que regressa a casa", é como o humorista descreve o seu retorno, volvida uma década, à estação pública com "Herman 2010", formato pautado pela simplicidade, que arranca sábado, dia 17, num horário perto das 23 horas.

 

"Não venho armado em diva", garante Herman José. "É humildemente e muito motivados que encaramos este projecto, nada megalómano. Com as dimensões certas", esclarece remetendo para a parceria no formato com as Produções Fictícias, que ajudou a fundar em 1991. "De vez em quando tenho o direito de ser feliz, algo que não acontece há alguns anos".

Grosso modo, assim se podia resumir o estado de espírito ontem manifestado pelo apresentador que nos últimos dez anos esteve associado à SIC, passando ainda pela antena de Queluz. "Os três meses que estive na TVI foram encantadores. Ficou uma genuína amizade", esclarece. Já o mesmo não parece ter sucedido em Carnaxide.

Herman considera ter "o mesmo entendimento de serviço público que José Fragoso", director de Programas da RTP1: "Fazer diferente e fazer bem". E assume: "Desde 2006 que tenho vontade de voltar. Apresentei propostas que foram declinadas por não ser o momento certo", reconhecendo que precisava de se "regenerar e reconciliar com os espectáculos", o que aconteceu no entretanto. Daí, afirmar que admira "a formalidade" de Fragoso, quem conota com um "carácter alemão". Porque o canal do Estado se pode "dar ao luxo de não viver na obsessão das audiências", Herman pretende "retomar os caminhos do humor, mais ou menos correcto" e embora este programa se prenda "com o código genético de 'Herman 98' e 'Herman 99' [RTP], trata-se de uma escala diferente", afiança. Sem regras, no formato que irá para o ar semanalmente, cerca das 23 horas, o propósito será criar "novos bonecos", o que não inviabiliza "piscar o olho ao arquivo da RTP", refere.

A única "cunha" que o apresentador "meteu" ao canal, foi que o embrulho das emissões, 13 para já, fosse gravado antes e não em directo, o que justifica pela "dificuldade em mobilizar convidados aos sábados à noite". Herman José coloca a fasquia do formato, que revisita o modelo dos "talk shows" americanos, num pleno "entre audiências confortáveis e o agrado dos entrevistados".
Por seu turno, José Fragoso, realçando "a importância do regresso de Herman à RTP", assegura
que tal não constituiu um investimento avultado em tempos de crise. "Apostamos na qualidade e diversidade, mas trabalhamos dentro do nosso orçamento, na linha dos outros conteúdos".


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Entrevista ao JN

Joana, 02.04.09

Vai ao programa do Manuel Luís Goucha "Você na TV". Isto pode ser visto como um sinal em relação ao seu futuro?

Não quer dizer nada. É só reagir a quem nos quer bem. E em breve faço questão de ir dar um abraço ao Jorge Gabriel! E, se me deixarem, fazer um grande cozinhado.

 

Já não tinha contrato com a SIC...

Desde o final do "Hora H" (agora a passar com grande felicidade minha na SIC Radical) que não tenho contrato de exclusividade com a SIC. Em 2008, estive quatro meses à espera de um projecto. Em 2009, a espera já ia em três meses. Digamos que por muito que se respeite uma empresa não se torna fácil gerir buracos tão grandes, para quem se tinha habituado a sete anos seguidos de muito trabalho. Passei de vedeta do canal, produtor com a Herman Zap de eventos como os Globos de Ouro (que apresentei até ao fim da saudosa era Manuel da Fonseca) a apresentador esporádico de concursos. Não que sinta qualquer ressentimento por tão grande perda de protagonismo, mas não é preciso ser nenhum Einstein para perceber até onde é que a regressão me iria levar...

 

Estava à espera de novo programa.

Tinha sido apalavrado pelo Nuno Santos em Janeiro deste ano um projecto de 13 episódios de "stand up" gravados num teatro ao vivo. Chegamos a discutir orçamentos, desenhar cenários, contactar equipas, mobilizar as Produções Fictícias como autores e co-produtores. Até nos foi dada uma data de estreia: 27 de Março. O nome do programa era genial, e da autoria do próprio director de Programas. Infelizmente, não foi possível a concretização. Digamos que a boa vontade e o encantamento do Nuno Santos terá sido atraiçoado pela maldita crise.

 

Será também um efeito da crise?

Espero que seja só isso. É que as crises passam. A SIC é uma grande marca e merece todo o sucesso.

 

A mágoa vem da altura em que terminou "A Roda da Sorte"?

A mágoa está mais no esforço de quem tenta omitir e esquecer, de que a "Roda da Sorte" pegou num horário queimado há anos, e que na sua 50ª edição já garantia 661000 espectadores e 20,3% de "share". Ironicamente, o "Nós Por Cá" de 30 de Março baixou para 449 mil espectadores. Torço sinceramente para que a fantástica equipa da Conceição Lino (que admiro) chegue à sua 70ª edição, com os mesmos 781700 espectadores e 24,1% de quota da "Roda".

 

Já estabeleceu contactos com a TVI e com a RTP?

Neste momento, a minha cabeça ainda está no CAE da Figueira da Foz onde tenho um espectáculo com a minha orquestra no próximo sábado, e que não admito que seja menos do que excelente !

 

Que tipo de programa gostava de fazer nesta fase da sua carreira?

O meu formato ideal é o modelo "Jay Leno / Conan O'Brian". Algo que ensaiei na RTP com muito sucesso com o Herman 98. Custa a acreditar que Portugal seja o único país que não tenha uma sala de visitas de luxo receber vedetas nacionais e internacionais.

 

Considera que as estações não sabem tratar bem as suas vedetas?

Se fizer essa pergunta ao Manuel Luís Goucha, ao Jorge Gabriel, à Júlia Pinheiro, à Catarina Furtado, ao José Carlos Malato ou à Alexandra Lencastre, garanto-lhe que a resposta é "algumas estações sabem muito bem como tratar e preservar as suas maiores vedetas".

 

Entrevista ao Jornal de Notícias

Joana, 13.08.08

Ganhei mais carinho e respeito pelo público

"Roda da sorte" regressa 15 anos depois através da SIC e em versão melhorada. Herman José volta a conduzir o concurso que ditou uma viragem na apresentação televisiva com o seu informalismo

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DINA MARGATO

Lembram-se do concurso "Roda da sorte"? De óculos escuros e armado com uma caçadeira, Herman José disparou contra os electrodomésticos, antes de destruir completamente o cenário, naquele que foi um dos momentos mais irreverentes da televisão portuguesa. Foi assim o seu último programa.

Não houve quem não falasse no sucedido. Hoje, pode dar-se uma espreitadela ao que se passou através do YouTube. Cerca de 2O mil curiosos já o fizeram. Na época - o concurso foi para o ar entre 1990 e 1993, na RTP1 -, destoou o protagonismo dado por Herman José à assistente Rute Rita e aos próprios figurantes, transformados em elementos activos do programa. Também ali se popularizou Cândido Mota como "voz off" e contra-ponto do humorista. Enfim, o concurso que era muito mais do que um concurso está de regresso. Na SIC e pela mão do director Nuno Santos, será uma das apostas para Setembro. Ainda de férias, Herman José respondeu ontem prontamente, via e-mail, a algumas questões sobre o "remake" deste clássico.

Como surgiu a ideia de voltar a fazer o programa "Roda da sorte"?

É um projecto que, segundo sei, estava a incubar na cabeça do Nuno Santos (director de Programas da SIC) pelo menos há dois anos. Ainda ele estava na RTP. Eu próprio fui apanhado de surpresa com o pragmatismo da decisão!

Qual foi a primeira recordação que lhe veio à cabeça quando se falou na possibilidade do regresso do concurso exibido nos anos 90?

Três palavras: ALEGRIA NO TRABALHO !

Quais eram os grandes trunfos do programa naquela época?

Foi a primeira vez que alguém quebrou a seriedade institucional com que era suposto apresentar um concurso. Lembro-me de o próprio Merv Griffin(criador do formato) ter ficado espantado com o visionamento de um 'best of' que levámos a Orlando, por ocasião dos 25 anos da Disney. Dezoito anos depois, passou a ser quase obrigatório apresentar com leveza e humor. O apresentador francês até se dá ao luxo de levar o seu cão para as gravações ! Modéstia à parte - fomos precursores na arte de bem desconstruir!

Hoje, os tempos são outros, os espectadores são mais exigentes e o Herman José também estará diferente. Concorda? O que fundamentalmente mudou? No seu caso, o que assinala?

Tenho mais informação, mais certezas, mais traquejo, mas sobretudo ganhei um carinho e um respeito pelo público anónimo que na altura não tinha.

A Rute Rita acabou por se evidenciar no programa da RTP1. Vai querer agora ter uma palavra a dizer em relação à assistente? Como quer que ela seja?

Deleguei a escolha da beldade de serviço no Nuno, que tem um olho clínico para esses assuntos. Basta ver a belezinha que escolheu para mãe do seu filho. O sorriso da Rute Rita ficará, no entanto, sempre como imagem de marca daquela época, bem como a voz e a inteligência do Cândido Mota! (Esta edição, à semelhança das congéneres em todo o Mundo, não terá "voz off"...)

Que riscos implica um "remake" televisivo? Preocupa-o que a adesão seja incomparável ao que foi a do clássico?

Os "remakes" só fazem sentido quando são feitos a uma grande distância do original, e sobretudo se trouxerem mais-valias. Os valores de produção da versão actual não são comparáveis à primeira versão, que era de um minimalismo quase caricato.

Com o concurso "Chamar a música", ouviu dizer-se que o Herman voltou a estar em forma. Que diria aos donos desses comentários?

Nada na Natureza é contínuo, nem o êxito. Em Portugal, as carreiras estão também sujeitas às vicissitudes de um Estado disfuncional, no qual não foi ainda consumada a ablação dos tiques de meio século de Estado Novo. Imagino mesmo que os meus colegas da Coreia do Norte sofram do mesmo mal.

Os tempos do programa de humor de "Hora H" são para esquecer?

De forma alguma. O "Hora H" foi o mais trabalhado e inteligente dos meus programas de humor. Não duvido de que um dia lhe será feita justiça!

Já agora, como vê os novos projectos de humor da televisão nacional?

Gosto muito dos "Contemporâneos" (RTP1). Considero um honesto, moderno e esforçado projecto de humor. Anseio o regresso dos meus 'afilhados' "Gato Fedorento". A sua irreverência e liberdade critica fazem muita falta! Aguardo também com muita emoção a reedição em DVD de "O tal canal", o que acontecerá ainda este ano.

Herman José mata saudades do público

Joana, 20.05.08

 

"Para tristezas, basta a situação económica do país" e por isso formatos como o "Chamar a música", que se inserem na chamada "feel good tv" (apelam à boa disposição), são a nova tendência da televisão portuguesa. Herman José conduz esta noite o programa de estreia e revelou estar a "adorar" as gravações.

 

Inspirado na versão norte-americana "Singing bee" (abelha cantora), o concurso da SIC pede aos participantes que cantem músicas conhecidas. Só que, em vez da voz, o que é valorizado é o conhecimento das letras. O apresentador explicou que o formato supera "largamente" as expectativas que tinha criado, e que, até agora, todos os concorrentes o surpreenderam "pela positiva".

 

A participação em estúdio é incentivada pelos 50 mil euros que podem ser alcançados pelos vencedores. Na primeira emissão, a concorrente que menos errou ficou-se pelos 10 mil. O programa dá a oportunidade ao humorista de voltar ao contacto com o público e com os espectadores. Algo de que "já tinha saudades", desde os tempos de "Parabéns" ou da "Roda da sorte".

 

Questionado sobre o panorama televisivo internacional, Herman José diz-se completamente rendido ao "The Daily Show", de John Stewart, mas considera que "não temos país nem democracia para tanto".

 

Este programa marca o regresso de Herman José aos concursos e ao horário nobre depois do projecto de humor menos bem sucedido "Hora H", que acabou a ser exibido em horário tardio ("late night"). Porém, este revés não o afasta, para já do género, apesar de em declarações anteriores aos jornalistas ter explicado que "escrever humor é violentíssimo".

 

Na apresentação de "Chamar a música", o humorista adiantou que "chega uma altura em que faz mais sentido sermos nós as forças catalisadores dos talentos", mas ficar ligado ao humor desta forma é caso para pensar só "daqui a uns anos". "Gostava de acabar a minha carreira em conversas íntimas, como a que fiz ao Agostinho da Silva" (nas "Conversas vadias").

 

Questionado sobre a nova aposta de humor da RTP, "Os contemporâneos", Herman José respondeu tratar-se de um "conceito excelente". "Vejo um grande futuro no humor inteligente das novas gerações ", rematou.