Uma das personagens mais perversas que tive de estudar para o meu "Abitur" da Escola Alemã de Lisboa (1974), chamava-se Roland Freisler. Era o veio de transmissão do Hitler com o sistema judicial. Para ele, o código penal era substituido pelas suas convicções. Os reús eram todos culpados até prova em contrário. Nos seus tribunais, todos eram tratados abaixo de cão, e sempre humilhados. Provar a inocência, se não conviesse ao sistema, era sempre um pormenor despiciendo. Qualquer Marinho Pinto que se lhe tentasse opor, não chegaria vivo ao fim de semana seguinte. Quanto mais não seja por causa dessa memória, não posso deixar de me regozijar com a sua reeleição para bastonário da ordem dos advogados. É bom sentir que esta sociedade ainda tem gente livre e corajosa, mesmo que lhe sirva de pouco.