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Herman José

Herman José

Herman & Ciciollina

Joana, 29.10.07

LOUCURA!

 

Cicciolina pôs Lisboa em alvoroço. Mostrou tudo – e ainda se deu ao luxo de entrevistar Herman José, em rigoroso exclusivo para o «Tal & Qual»

 

CHEGOU, MOSTROU, VENCEU!

 

Cicciolina não conseguiu resistir à tentação: apanhando Herman José ao jantar, na passada quarta-feira (e sabedora da sua fama de homem sem papas na língua), apressou-se a «assaltar» o popular cómico com uma catadupa de perguntas indiscretas. O repórter do «Tal & Qual» estava mesmo ao lado – e registou o impagável diálogo, em rigoroso exclusivo…

 

Cicciolina – Alguma vez pensou em seguir uma carreira política, como eu? Por que foi que não o fez?

 

Herman – De brincadeira, já pensei. Mas meter-me nisso por brincadeira já nem seria original. É claro que a última grande ambição de quem intervém na vida pública, como um actor faz, acaba por ter um certo fundo político. Mas não tenho jeito para essas coisas. Nem sequer alguma vez fui membro de um partido político! Não, não: sou muito volúvel. Odeio associações de qualquer espécie…

 

Cicciolina – Imagine que era italiano. Teria votado em mim, nas últimas eleições?

 

Herman – Sim, senhora. Primeiro, para irritar a massa grande e cinzenta que odeia este tipo de coisas que escapam ao seu conservadorismo. Depois, porque penso que não teria coragem para deixar de apoiar uma cara tão bonita e uma figura de pulso tão frágil…

 

Cicciolina – Quem é que acha que é hoje mais popular em Portugal: você ou eu?

 

Herman – Você. Ah, mas eu sou muito mais sexy…

 

Cicciolina – Já viu algum show erótico ao vivo? Não ficou sexualmente excitado?

 

Herman – Ao vivo, nunca: só em videocassette. Mas devo confessar que, nas alturas próprias, dá muito resultado!

 

Cicciolina – Que alturas?

 

Herman – Quando apetece induzir um ambiente de lascividade e pecado… Devo mesmo declarar que uma boa cassetezinha ajuda sempre, como quem não quer a coisa.

 

Cicciolina – Se eu o convidasse para ir a Roma fazer um espectáculo erótico, em que mostrasse todo o seu corpo – ia?

 

Herman – Não, não ia. Estou muito gordo, sabe. E, depois, o meu talento oculto não é igual ao outro. Quero dizer: não me atrevia!

 

Cicciolina – Quantas mulheres levou para a cama, ao longo da sua vida? E homens?

 

Herman – Senhoras, bastantes. Mas só me lembro de duas ou três, as que valeram a pena. Homens, alguns, mas só para dormir. Tenho um grande carinho pelos meus amigos, mas não quer dizer que faça sexo com eles.

 

Cicciolina – Qual foi a noite (privada, claro) mais feliz da sua vida?

 

Herman – Ainda está para vir, espero!

 

Cicciolina – Usa preservativos?

 

Herman – Não. Fazer amor com preservativos é, para mim, como o mesmo que obrigar a Maria João Pires a tocar piano com luvas calçadas; é como comer um bife dentro de um saco de plástico; como ir à praia do Guincho com máscara de oxigénio.

 

Cicciolina – Se eu lhe sugerisse agora que viesse comigo à casa de banho para me ajudar a retocar o rimmel – você aproveitava para me apalpar?...

 

Herman – Pode não acreditar, mas aproveitava para falar consigo de política…

 

Cicciolina – Acha que era capaz de viver com uma pessoa tão «transgressora» como eu?

 

Herman – Eu acho que morria de ciúmes!

 

Cicciolina – Não me diga que é ciumento…

 

Herman – A menina nem imagina!

 

Cicciolina – E quando eu voltar a Lisboa – vai-me buscar de Rolls-Royce?

 

Herman – Nessa altura, eu espero é ter dinheiro para lhe oferecer um…

 

(in Tal & Qual nº 387, 20 a 26 de Novembro de 1987, págs. 1, 9 e 10)

Hora H - Ciciollina

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